Gro Brundtland responde Pergunta Braskem

Postado em out. de 2014

Sustentabilidade | Governança | Mulheres Inspiradoras

Gro Brundtland responde Pergunta Braskem

Pergunta Braskem: diplomata norueguesa, Gro Brundtland responde pergunta enviada por e-mail pelos seguidores do Fronteiras do Pensamento nos canais digitais.


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Gro Brundtland é um dos maiores nomes no mundo quando se trata de desenvolvimento sustentável. A diplomata norueguesa foi primeira ministra do país durante três mandatos e há cinco décadas vem atuando junto à saúde pública, ao meio ambiente e à gestão.

Desenvolvimento sustentável foi o tema central da conferência que Brundtland proferiu no Fronteiras do Pensamento São Paulo, na noite desta quarta-feira (01/10). Durante o evento, a diplomata falou sobre seu trabalho na área ambiental e alternativas para o desenvolvimento sustentável em todo o mundo, com destaque para projetos que podem ajudar países pobres a crescer utilizando tecnologias limpas.

Após sua fala, Brundtland respondeu a Pergunta Braskem, selecionada a partir das questões enviadas para o e-mail digital@fronteiras.com de todas as partes do Brasil. Confira a resposta de diplomata a esta e a outras perguntas propostas pela plateia presente no Teatro Cetip:

Pergunta Braskem enviada por Djanira Temporim:
Instrumentos como o Fundo Climático Verde, o mecanismo de financiamento internacional (IFF) e o mercado de carbono não partem do pressuposto de que o conceito, o padrão, os princípios e os critérios do desenvolvimento permanecerão inalterados, uma vez que os recursos que constituem esses fundos não são oriundos de um modelo econômico que estamos constatando? Não deveríamos tomar a iniciativa de buscar novos parâmetros, uma nova matriz de desenvolvimento sustentável?

Resposta Gro Brundtland:
"Você sempre pode ter aquilo que é o ideal a respeito do que deve ser feito e o quanto o mundo deve ser transformado, com que rapidez deve adotar padrões mais sustentáveis. Creio que quem fez a pergunta pode achar que, primeiro, devemos abolir o modelo econômico atual antes de conseguir avançar. Se tivéssemos conseguido fazer isso de forma simples e democrática, ótimo. Contudo, não é assim que as coisas funcionam. É necessário que tenhamos abordagens sistemáticas para mudar os nossos sistemas de incentivos e desincentivos para investimentos e para aquilo que os governos decidem fazer. Nós podemos adotar mudanças, podemos causar mudanças, podemos ter crescimento econômico e um nível maior de proteção ambiental se fizermos o que é correto, se precificarmos o que utilizamos de maneira correta e se tivermos um consenso no mundo todo a respeito de políticas ambientais.

Além disso, é necessário um fundo para ajudar aqueles países mais pobres que têm um nível baixíssimo de desenvolvimento, para que possam utilizar a tecnologia correta, ao invés de ter que passar pelo estágio poluidor que Europa, Brasil e EUA passaram. Não é necessário que esses países passem por isso, eles podem crescer com tecnologias de baixo carbono, podemos ajudá-los dessa forma."

Leia também os principais temas abordados por Gro Brundtland em resposta às perguntas enviadas pelo público:

Desenvolvimento ambiental da China:
"Eu estive na China pela primeira vez em 1979 e, desde então, tenho acompanhado esse país. Nas décadas de 70, 80 e mesmo nos anos 90, era difícil conseguir a atenção dos líderes chineses quando se falava sobre questões ambientais. Depois disso, alguns problemas de saúde passaram a preocupar as pessoas, mas o vínculo com o meio ambiente ainda não tinha sido estabelecido por eles.

Foi a partir do momento em que essas doenças começaram a aumentar que os chineses perceberam que a poluição industrial estava prejudicando a saúde da população. Eles vivem cada vez mais nas grandes cidades e eles têm, inclusive, complexos industriais localizados nessas cidades. Contudo, nos últimos dez anos, temas como poluição, meio ambiente e saúde estão cada vez mais claros para as lideranças chinesas.

Hoje, eles estão debatendo mais ativamente os problemas globais e se deram conta de que a China está sendo afetada pelas mudanças climáticas. Eles sabem que têm que mudar e estão mudando sistematicamente, mas isso ainda vai levar algum tempo. Ainda há muitas usinas termoelétricas a carvão, mas há uma mudança na atitude, ainda assim, que é significativa.

EUA e a China, que foram considerados culpados por outros países, estão hoje mais ativos e procurando reduzir suas próprias emissões e relatado suas iniciativas ao mundo, mas ainda não conseguiram se comprometer com qualquer acordo global. Basicamente, é o que o Brasil tem feito, ou seja, não tem tido muita vontade de assinar acordos globais. Vamos ver o que vai acontecer em Paris, em 2015."

O Brasil como exemplo no uso de energias limpas
"Definitivamente, acredito que essa é uma ideia correta. É importante proteger a matriz energética e continuar a usar energias renováveis, cada vez mais. A Noruega usa 90% de energia hidrelétrica. Somos um país afortunado. Vocês usam bastante etanol, que é melhor do que combustível fóssil. O Brasil tem importantes escolhas a fazer."

Extração de petróleo e gás de outros recursos, como o xisto
"Sempre haverá avanço tecnológico e sempre que isso acontecer temos que analisar para compreender se é arriscado demais ou não, se é algo que pode ser ambientalmente sustentável ou não. Essa é a questão. No mundo hoje a principal fonte de energia é o carvão, que emite quantidades enormes de CO2. O xisto, em geral, não é pior do que o carvão. É importante ter clareza em relação às necessidades. Temos recursos renováveis, como painéis solares, energia eólica, hidrelétrica. Há muitas alternativas melhores do que aumentar a produção de combustíveis fósseis."

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Gro Harlem Brundtland

Gro Harlem Brundtland

Diplomata

Diplomata norueguesa. Líder internacional na área do desenvolvimento sustentável e da saúde pública, primeira mulher a chefiar o governo da Noruega.
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