É possível enlouquecer de amor? Paul Zak explica o efeito da paixão no cérebro

Postado em fev. de 2015

Ciência | Psicologia e Saúde Mental | Felicidade

É possível enlouquecer de amor? Paul Zak explica o efeito da paixão no cérebro

Paul Zak analisa o limite que separa paixão e transtorno mental e compara cérebros de homens e mulheres apaixonados


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Expressões corriqueiras como “louco de amor", loucamente apaixonado", etc podem ser indícios para a proximidade entre paixão e desordens mentais graves, que pouco têm a ver com sentimentos românticos por alguém. Mas, é possível que a paixão cause tais desordens? Paul Zak, Ph.D em neurociência por Harvard (foto à esquerda), tem investigado o funcionamento do hormônio ocitocina no cérebro há mais de uma década.

Segundo Zak, professor na Universidade de Claremont, Califórnia, quando nos apaixonamos, uma área do cérebro chamada de sistema do querer (wanting system) é fortemente ativada. É uma região comum a todos os animais – de répteis a humanos – e que nos motiva a buscar recursos: comida, sexo, parceiros. “Observando as pessoas nos primeiros estágios da paixão, você percebe uma superestimulação desta área. Quando há atividade em demasia, surgem sintomas de psicose e mania – em pessoas que desenvolvem um quadro crônico. Há uma ampla variedade de desordens clínicas, como esquizofrenia, associadas à ativação excessiva e crônica destas áreas cerebrais.", explica o autor de Oxitocina, a molécula da moral.

O que ocorre no cérebro quando não conseguimos parar de pensar em algo ou alguém, seja aguardando uma ligação telefônica ou em casos severos, como perseguição? Zak esclarece que, quando alguém está apaixonado, há uma “superprodução de um neurotransmissor chamado dopamina. Doenças psíquicas como esquizofrenia ou psicose estão quase sempre associadas à superprodução de dopamina. Quando você está muito apaixonado, é como se você estivesse psicótico."

De acordo com o professor, a paixão afeta o cérebro dos homens e das mulheres de formas diferentes, sendo que os homens têm uma propensão maior a desenvolver um comportamento obsessivo. No caso das mulheres, argumenta, a alteração no sistema surge após algum tipo de relação estabelecida – principalmente, após a prática do sexo. “Para mulheres, o efeito funciona sobre o sistema da ocitocina, um químico de formação de laço emocional." A ocitocina é mais liberada nas mulheres do que nos homens e promove um desejo de carinho. “Há menos obsessão, mas as mulheres são mais apegadas do que os homens. Para os homens, trata-se mais de uma questão de conquista e obtenção". Zak atenta para o fato de que "a obsessão aumenta progressivamente quando não é alimentada".

Para completar, Zak acrescenta que os níveis de testosterona dos homens caem durante relacionamentos – principalmente quando têm filhos – e isso permite que o corpo e a mente diminuam o ritmo.

Assista a Paul Zak no Fronteiras | O poder da ocitocina na construção da confiança

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Paul Zak

Paul Zak

Neuroeconomista

Neuroeconomista norte-americano, autor de A molécula da moralidade, é professor na Universidade de Claremont (Califórnia), onde dirige o Centro de Estudos Neuroeconômicos.
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