Roteiro à última fronteira

Postado em jan. de 2023

Sustentabilidade | Ciência | Sociedade | Psicologia e Saúde Mental

Roteiro à última fronteira

Cruzeiro, previsto para 2024, levará 150 turistas para a Antártica e recebe a curadia da parceria entre o Fronteiras do Pensamento e a Latitudes.


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A Antártica é território de superlativos: o continente mais frio, mais seco, mais inóspito, com as maiores reservas de gelo e de água doce do Planeta. Até não muito tempo, só pesquisadores dos quase 30 países autorizados a explorá-la cientificamente podiam alcançá-la. Mas, nos últimos anos, está também acessível a turistas e, em fevereiro de 2024, será o destino de um roteiro em parceria entre a Latitudes Viagens de Conhecimento, o Fronteiras do Pensamento e a Quark Expeditions. Para saber mais é só clicar no link.

Não se trata de um cruzeiro comum. A bordo do navio World Explorer quatro especialistas acompanharão os 150 turistas: a bióloga Ema Kuhn, o físico Marcelo Gleiser, o rabino Nilton Bonder e a psicanalista Maria Homem de Mello. Eles partirão de Ushuaia, na Argentina, para uma jornada de 10 dias que misturará palestras, debates e conversas, incursões para observar animais, visitas a estações científicas, além de diversão e gastronomia a bordo do navio de luxo.

Alexandre Cymbalista, CEO da Latitudes, já esteve duas vezes por lá e observa que a produtora de viagens costuma vender pacotes para a Antártica, mas que este cruzeiro terá ainda outras peculiaridades, como a de ser exclusivo para brasileiros e de ter atendimento personalizado, além da tripulação da Quark, de seis pessoas do staff da Latitudes. 

Quem procura esse tipo de roteiro ao continente mais austral do planeta?

– São pessoas que já têm uma certa bagagem de viagem, que buscam uma pitada de expedição com conforto. É essa combinação é que atrai as pessoas – diz Alexandre.

E para ele, que já esteve lá duas vezes, o que há de especial na Antártica?

– É um conjunto. Na época da viagem, há luz o dia inteiro, e só isso já é impactante. O relevo é muito impressionante, algo que se vê em pouquíssimos lugares, como as montanhas escarpadas terminando no mar. A fauna é incrível, uma vida que não tem medo de ti, os animais te tratam como a qualquer outro animal.
Essas atrações seriam suficientes, mas os debates a bordo, no auditório do navio, devem ser o diferencial, alerta Alexandre:

– A grande temática é debater “o que é a vida”, tendo como cenário este lugar inóspito e ao mesmo tempo muito vivo, onde se consegue mensurar o papel do homem como protagonista das mudanças climáticas.

As palestras poderão ser individuais ou combinando um bate-papo entre dois dos especialistas ou dos quatro juntos. Eles devem participar das expedições, dos passeios e de outras atividades. Se o tempo permitir, o grupo deve visitar a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), na Ilha Rei George, a base brasileira.

Alexandre traça um paralelo entre as viagens feitas à Amazônia com aquelas rumo à Antártica para explicar no que o turismo pode ajudar o continente gelado:

– As pessoas começam a se preocupar e agir quando conhecem o lugar e se envolvem com ele. Elas vão conhecer os desafios que vivemos como humanidade.

E o turismo pode prejudicar?

– A quantidade de turistas ainda é pequena. É preciso tomar cuidado sobre como pode afetar a vida por lá, por isso é importante ter órgãos reguladores, controlar, fazer o manejo – diz o CEO da Latitudes, observando que a tendência, nos próximos anos, é o uso de navios elétricos.

Quem embarca recebe treinamento sobre segurança. Tudo para evitar fatalidades como duas recentes que vitimaram dois turistas americanos a bordo de um zodiac e de uma passageira norte-americana atingida por uma onda gigante. Como já há um número mínimo de passageiros garantindo a saída, a Latitudes estuda um fretamento de voo saindo de São Paulo para Ushuaia. A empresa pode viabilizar ainda a extensão dos roteiros para outros pontos da Patagônia.


Ah, cabe uma ressalva: quem manda no espetáculo por lá é a natureza, e alterações no clima podem modificar a programação.

 

Quem acompanha

Nilton Bonder: rabino da Congregação Judaica do Basil, idealizador do Midrash Centro Cultural, membro da Academia Carioca de Letras e autor de mais de 20 livros.

Maria Homem de Mello: psicanalista, colunista da Folha de S.Paulo, professora da FAAP, do Museu da Imagem e do Som e da Casa do Saber.

Ema Kuhn: bióloga, doutora em Bioquímica, especializada em micro-organismos e em vida em ambientes extremos, especialmente nas regiões polares.

Marcelo Gleiser: físico, astrônomo e professor, ganhou o Prêmio Templeton em 2019, colunista da National Public Radio e conselheiro editorial da National Geographic.

O navio

O World Explorer, construído em 2019, integra a frota da Quark Expeditions. Dispõe de lounges, deck de observação, auditório, restaurantes, sala de leituras, academia, spa, piscina e outras comodidades.


Informações


Saiba mais sobre a expedição em latitudes.com.br, pelos telefones (11) 3045-7740, (11) 91056-0662 ou pelo e-mail latitudes@latitudes.com.br.


Este texto é uma reprodução da GZH e Zero Hora e foi escrito por Rosane Tremea. 

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